“(…) o fato é que não dispõe a língua portuguesa de uma palavra que permita ao filho identificar quem seja, por exemplo, o companheiro da mãe. Ninguém sabe como chamar o filho da mulher do pai. Também não há um vocábulo que permita distinguir o filho comum frente aos filhos de cada um do par, frutos de relacionamentos anteriores. Claro que os termos madrasta, padrasto, enteado, assim com as expressões filho da companheira do pai, ou filha do convivente da mãe e meio-irmão não servem, pois trazem uma forte carga de negatividade, resquício da intolerância social.
É chegada a hora de se encontrar uma nova terminologia para as novas famílias, chamadas por muitos de reconstituídas, recompostas ou reconstruídas. Como geram entre seus membros um vínculo de afinidade, a sugestão de Waldyr Grisard é acrescentar a palavra afim, portanto, pai afim, mãe afim e até filho afim. Difícil aceitar tais composições que não se revestem de sonoridade. De qualquer forma, persiste o desafio de encontram nomes que identifiquem as relações em que o casamento não é o elemento essencial para definir a família e a verdade biológica não serve mais como fator exclusivo para determinar os laços de parentesco.”