a pior coisa do mundo é a indefinição. é possível aprender a lidar, com o tempo, com uma situação ruim, com uma sacanagem que alguém lhe fez ou com um grande azar. qualquer adulto bem resolvido deveria poder, com alguma paciência e terapia, sobreviver a essas pequenas tragédias cotidianas, uns muito bem, outros nem tanto. mas como lidar com um problema, quando ele ainda não se apresenta pronto e acabado na sua frente?
muito fácil, você diria. se ele ainda não está lá, é porque não existe, portanto não seria fonte alguma de preocupação. errado. ele existe porque todos os dias eu sinto os seus efeitos, todos os dias esse problema consome minhas horas, meus neurônios, minha ansiedade crônica. ele existe porque todo santo dia alguém me pergunta sobre ele, no supermercado, na livraria, na festinha. só que até agora não se decidiu, formalmente, como é que esse problema vai ser enfrentado, então eu fico esperando.
esta semana se decidirá sobre um processo que tem consumido esses últimos 16 meses da minha vida. parece grande coisa, mas não é. do ponto de vista prático, é só um emprego. do MEU ponto de vista, é aquilo por que briguei, passei noites insones, dediquei fins de semana, feriados e férias. durante 16 meses eu me preparei pra isso, fiquei feliz com isso, sofri e descabelei com isso, e pode ser que sexta-feira eu tenha algum tipo de definição. ou não. pode resolver os próximos 30 anos da minha vida. pode descambar pra uma briga feia. pode me fazer cair em depressão. pode me impulsionar pra tentar algo novo. como saber?
de qualquer jeito, eu só espero a decisão. eu quero que alguém defina o que é que eu vou ter que fazer. quero me libertar de ter que contar com esse sim ou não pra saber se eu posso respirar.